domingo, 13 de setembro de 2015

Até um dia

Penso em ti e tento muitas vezes idealizar a melhor maneira de abordar o nosso assunto. Nós. Acabo por chegar à conclusão que a melhor maneira de o fazer é limitar-me a escrever sem reflectir. Nem eu sei bem o porquê de ser assim. Para obter respostas? Talvez há uns tempos atrás acreditasse nisso, até porque foi sempre isso que procurei, mas hoje apercebo-me que respostas são tudo aquilo pela qual sempre lutei, e como que em forma de recompensa, nada obtive em troca. Então escrevo, escrevo para me libertar, para tentar perceber. Sim, tentar. Porque nunca poderei dizer que percebi aquilo que fomos e naquilo que nos tornámos. Escrevo-te (mais uma vez) e como qualquer rapariga apaixonada, sinto-me estúpida. Se nunca perdeste tempo a ouvir-me, quanto mais a ler os meus textos? Dedicaste o teu tempo a gozar comigo em vez de te dedicares a nós, mas já nem te culpo. Não te culpo porque não sou de julgar alguém mas acima de tudo porque não adianta de nada culpar-te. Nada se vai alterar e tu não te vais sentir culpado ou pôr a mão na consciência. Sinto-me estúpida outra vez. Dou por mim a falar de ''nós'' quanto nunca houve um ''nós''. Apenas eu e tu, juntos em momentos mas separados a nível de relacionamentos. Sempre questionei o porquê de nunca termos ficado juntos... de nunca teres ficado comigo. Mas eu não estou na tua cabeça para adivinhar os teus pensamentos. Aliás, já nem tenho força para te tentar entender, para te decifrar. Concluo que estás perdido, e o pior de tudo, não é o estado em que estás, porque por muito que queira que te encontres, és tu quem não quer ser encontrado. E eu nada posso fazer quanto a isso. Sais, quando queres e bem te apetece e com quem queres. Será que é para te divertires ou para espaireceres? Pergunto-me se não te cansas das tuas noites boémias. Talvez não, porque embora sejas mais velho do que eu, sempre te mostraste mais imaturo, mais ''inconsciente''. Deixei de acreditar nessas histórias da carochinha do ''Nenhuma Mulher merece sofrer por um Homem que não gosta dela. Se ele não gosta de ti, tu só tens que desistir e deixá-lo ir. E quando fores feliz, ele vai perceber o que perdeu e vai querer voltar, vai pedir desculpas e vai querer tentar.''. Mas depois reparo que ''perder'' é um verbo demasiadamente irónico para nós porque a verdade, é que nunca nos tivemos. E por muito que me custe, ao fim de três anos de luta exaustiva para te tentar alcançar concluo que desistir é o mais saudável para mim. Até porque não te vai custar a minha partida, e eu pela primeira vez tenho que pensar em mim. Sinto que perdi três anos da minha vida, mas não te culpo por isso, eu esperei por ti porque quis e mesmo que te quisesse culpar tu nunca te irias sentir culpado. Talvez vás sentir um vazio quando eu partir, exactamente o mesmo vazio que eu senti enquanto lutei por ti durante este tempo todo e nunca obtive nada da tua parte. Apenas um vazio, a tua ausência, e saudades, saudades daquelas que se não nós matam, destroem-nos. Não é de mim ser assim mas vou procurar-te noutros corpos, noutros cheiros... Porque embora eu e tu sejamos diferentes e tu não sirvas para mim, há algo em ti que me fascina, nem eu sei o que é, o que tens, mas talvez seja esse teu fascinante mistério que me fez nunca desistir de ti, de ''nós'' mas talvez seja esse o motivo para tentar esquecer-te noutros lugares. Talvez um dia te canses de segurar copos e passes a querer segurar a mão de alguém, e espero que quando esse dia chegar e essa pessoa aparecer na tua vida (se é que já não apareceu e não me refiro a mim), espero que ela agarre a tua mão com força, mas principalmente, que não te deixe cair. Porque no final das contas, por muito que eu tenha desistido de ti, tenha seguido em frente e me encontre bem, entristecer-me-ia que depois de teres andado perdido, alguém te tenha encontrado despedaçado no chão.